Cultural

Palestra sobre violência contra a mulher foi destaque da Conexão Cultural do Paulistano

O Paulistano promoveu edição especial da Conexão Cultural na noite de terça-feira (28/3/2023), na Boate, onde Ana Paula Zomer e Renata Lima de Andrade Cruppi comandaram palestra sobre violência contra a mulher, na qual abordaram aspectos preventivos e repressivos.

Ana Paula Zomer e Renata Cruppi durante a palestra. Foto: Fábio Figueiredo

Na ação desenvolvida em parceria com a Comissão de Diversidade e Inclusão, Zomer e Cruppi trouxeram dados que comprovam a importância da discussão do assunto, explicaram causas que geram agressões e narraram histórias de ocorrências relacionadas ao tema.

Ana Paula Zomer, desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo, criminóloga pela Universidade Estadual de Milão, Itália, doutora em Direito Penal e Criminologia pela USP, com licenciatura plena em Direito pela Universidade de Lisboa, Portugal, é autora de livros e artigos jurídicos. “A violência contra a mulher costuma crescer em escalada. A falta de um limite claro contra o mal feitor logo na primeira manifestação agressiva, invariavelmente leva a uma agressão maior, e assim sucessivamente. Infelizmente o ápice desta escalada é dotado de irreversibilidade. É muito importante que se comece a pensar como solucionar o problema na base”, disse desembargadora, durante a palestra.

Renata Lima de Andrade Cruppi é delegada de polícia, coordenadora do Núcleo Especial Criminal de Diadema, especialista na prevenção e repressão à violência de gênero, professora universitária, coautora de obras jurídicas e idealizadora do programa Homem Sim, Consciente Também. “O maior desafio é a desconstrução da violência em relação aos homens para as mulheres. Quando a gente conseguir fazer essa desconstrução da violência e uma conscientização do respeito e da igualdade, vamos conseguir, com mais agilidade, enfrentar este desafio”, relatou no Paulistano.

Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registra um estupro a cada 10 minutos e um feminicídio a cada 7 horas. O estudo aponta que mais de 100 mil meninas e mulheres sofreram violência sexual entre março de 2020 e dezembro de 2021. “A desconstrução desse modelo de violência e de opressão não se faz da noite para o dia. Esta é uma mudança geracional. Nesta esteira, o mais importante é que, através de modelos positivos e da educação, nós possamos começar a incutir em meninos e meninas conceitos sobre igualdade, respeitadas sempre suas diferenças naturais”, afirmou Zomer.

As palestrantes explicaram que a mulher, quando sofre violência ou está em sofrimento, muitas vezes não tem o discernimento inicial de procurar ajuda. Vergonha, cobrança social e desestrutura familiar são pilares que impedem a ação imediata. Pessoas que percebam situações de violência devem se aproximar para fortalecer a vítima. O segundo passo é registrar boletim de ocorrência para que o autor seja responsabilizado por todos os atos praticados. Há também a possibilidade de se denunciar casos à Central de Atendimento à Mulher, pelo número 180. “Ser testemunha da vítima é importante, filmar, ser testemunha de que viu aquilo, de que percebeu mudanças significativas enquanto ela estava dentro daquele relacionamento. São pontos que contribuem para que essa mulher saia da violência e não chegue a ser uma vítima de feminicídio”, detalha Cruppi.