Serviço Médico

Ciência contra pandemia

A vacinação avança no mundo, mas, por outro lado, ainda não há remédios eficazes para o tratamento. As orientações para prevenção também continuam as mesmas: uso de máscara, distanciamento e higienização das mãos

O primeiro caso de contaminação pelo novo coronavírus confirmou-se no Brasil em 26 de fevereiro de 2020. Hoje se sabe muito mais sobre o vírus, formas de contágio, melhores maneiras para tratar a covid-19 e como a doença evolui.

O mundo não passava por desafio semelhante desde a gripe espanhola, entre 1918 e 1920. Enquanto países ainda tentam lidar com o contágio exponencial, colocando milhões de pessoas em lockdown, cientistas estudam o vírus Sars-Cov-2.

“Hoje, os médicos têm mais conhecimento sobre os estágios da doença e sabem em qual momento é preciso iniciar a medicação”, diz Alessandro Danesi, do Comitê Médico do Paulistano.

Outro dado positivo foi o desenvolvimento de vacinas em curto espaço de tempo. Essas têm se mostrado eficazes, principalmente impedindo a evolução da doença para casos graves, internações e óbitos.

O processo de imunização, porém, exigirá esforço conjunto, em âmbito global. “Por ser uma doença mundial, nada vai melhorar se todos não estiverem protegidos. Por isso, é importante que países ricos ajudem com a vacinação em nações mais pobres ou em desenvolvimento”, ressalta.

Com o passar do tempo e o maior conhecimento da doença, recomendações da comunidade médica e científica foram aperfeiçoadas. Confira alguns pontos.

Máscaras
Nas primeiras semanas da pandemia não houve indicação do uso de máscaras, pelo receio de que os equipamentos pudessem faltar para quem trabalha na linha de frente.

Mais tarde, a recomendação era a utilização do acessório feito de tecido. E, recentemente, com o aparecimento de variantes mais contagiosas, a indicação é usar máscara cirúrgica ou o modelo N95, comprovadamente mais seguras.

“A transmissão se dá por meio de microgotículas expelidas pela boca, desse modo é fundamental o uso de máscara. Fiquei surpreso por não haver indicação dela logo no início da pandemia. Quando há uma barreira entre as pessoas, controla-se melhor a doença”, frisa.

Além disso, é preciso continuar com o distanciamento e a higienização das mãos. Juntos, os três pontos diminuem a chance de contaminação e salvam vidas.

Limpeza de compras e superfícies
Ao contrário do que se falava no início, não é mais preciso fazer a higienização de compras de supermercado, já que a probabilidade de se contaminar deste modo é extremamente baixa. O mesmo acontece com superfícies.

Uma vez que o contágio pode acontecer quando se toca o rosto após mexer em objetos, essencial é a higienização constante das mãos com álcool ou água e sabão. Já o uso de luvas é desaconselhado, pois o item não será higienizado após o toque em diversos objetos. É um risco e proporciona falsa sensação de segurança.

Roupas e sapatos
Não entrar em casa com sapatos, trocar de roupa e tomar banho após voltar da rua são atitudes bem-vindas em relação a qualquer doença. No caso da covid-19, quando se vai a algum lugar em que as pessoas não seguem corretamente os protocolos de uso de máscara e limpeza das mãos, pode ser um cuidado a mais.

Prevenção e tratamento
Remédios para profilaxia ainda não existem, o importante é se cuidar. “Até agora, os estudos não mostraram a existência de medicação eficaz para prevenir a doença”, afirma Danesi. “A prevenção continua sendo uso de máscara, evitar aglomeração e fazer higienização das mãos constantemente.”

Se a intenção é melhorar a imunidade, deve-se seguir dieta saudável, ter boa noite de sono, manter-se hidratado, praticar atividade física e tomar sol, ou suplementar com vitamina D quando necessário.

“Mas isso vale para qualquer doença”, ressalta. “Também não há evidência científica sobre o tratamento nos estágios iniciais (tratamento precoce) que pode, inclusive, levar a efeitos colaterais em determinados casos.”

Conscientização
Mesmo após um ano de pandemia, muitas pessoas deixam de respeitar as normas de segurança. Não usam máscaras e participam de aglomerações, como festas, passeios ou viagens.

“Isso acontece independentemente de classe social. Talvez falte o comando de uma figura de alta aceitação, um líder ou autoridade de saúde, para que as orientações sejam cumpridas”, diz o médico. “Acima de tudo, é preciso ter consciência e não ser egoísta, pois, enquanto isso, a doença vai continuar se espalhando.”

No início do ano passado, quando o vírus ainda estava na China, não se imaginava seu grau de gravidade. Segundo Danesi, muitos pensavam que seria uma doença viral que avançaria apenas entre idosos ou pessoas com comorbidades.

No entanto, pouco tempo depois, com a proporção da evolução, o mundo percebeu a seriedade. “É um vírus extremamente contagioso, acomete não só idosos, mas outras faixas etárias e pode ser grave mesmo em quem não tem nenhuma doença preexistente”, explica.

Também se constatou que a imunidade de rebanho não seria viável. Devido à seriedade e rápida transmissão, deixar o vírus agir para imunizar naturalmente a população proporcionaria assustador número de óbitos e colapso do sistema de saúde.

Sem contar a possibilidade de reinfecção. A única alternativa de vencer o novo coronavírus é, portanto, a vacinação. Sem vislumbrar data para melhora ou término da pandemia, Alessandro Danesi reafirma a importância dos cuidados e da vacina.

“É preciso ter comportamento altruísta, pensar no próximo, e não só em si mesmo; não subestimar a doença, que pode evoluir para a gravidade; continuar se protegendo com máscara, distanciamento e higiene das mãos; cuidar dos idosos e de quem tem doenças preexistentes; e tomar a vacina.”

“É preciso ter comportamento altruísta, pensar no próximo, e não só em si mesmo; não subestimar a doença, que pode evoluir para a gravidade; continuar se protegendo com máscara, distanciamento e higiene das mãos; cuidar dos idosos e de quem tem doenças preexistentes; e tomar a vacina.”