Abrindo um vinho

Qual seria a primeira uva na Itália?

Por Bruno Airaghi.

Clube-Paulistano-abrindo-um-vinho-Sangiovese

Na Itália são mais de mil variedades viníferas registradas e cultivadas nas 20 regiões, e mais de 900 mil vinícolas ao longo do país. Em cada cantinho é fácil encontrar vinhas e vinhos. O difícil mesmo é se destacar, como a Sangiovese.

Não só é – e sempre foi – a uva mais cultivada do país, como é a tinta mais conhecida e de maior importância também. Ser a primeira uva num país como a Itália é uma missão e tanto. Hoje vou comentar sobre essa uva, contudo não da região da Toscana onde usualmente se encontra, e sim da vizinha Emilia-Romagna, combinação de duas regiões que se distinguem muito pelo que produzem. Emilia, mais ao norte e em direção aos Apeninos e à Lombardia, é conhecida pelas denominações de origem para produtos alimentícios. Já a Romagna, mais ao sul, com um território que termina no mar Adriático, é a região dos vinhos mais elaborados e elegantes, cujas terras já pertenceram em parte à Toscana, sua vizinha ao sul.

As uvas Sangiovese, plantadas em ambas as zonas, têm uma raiz comum na região entre Florença e Bologna, mas, com o passar dos anos, os toscanos fizeram seleções de clones até descobrirem os que mais bem se adaptavam ao seu território, menos fértil e mais pedregoso. Chegaram aos especialíssimos Brunellos de Montalcino (preparados a partir da variedade Sangiovese Grosso).

Foi em meados da década de 1960 que a Romagna começou a levar seus vinhos mais a sério (como já faziam os vizinhos do Sul) e criou, em 1962, o Consórcio dos Vinhos da Romagna. O trabalho vem sendo feito não somente para marcar as diferenças que a região tem da vizinha Toscana, mas principalmente para sepultar a imagem de que os Sangioveses da localidade são vinhos de alto volume, que não suportam o envelhecimento e ideais para consumidores que não prestam atenção ao que bebem.

A partir da colheita de 2011, a DOC passou a se chamar Romagna Sangiovese. E nessas cidades onde se produzem mortadela, presunto defumado, parmesão, confituras de frutas e o aceto balsâmico mais famoso do mundo, o vinho consumido é o da uva Lambrusco (em sua versão tradicional, tinto, ácido e ligeiramente adocicado). Mas os produtores da Romagna, claro, preferem que os produtos da Emilia sejam consumidos com seus encorpados Sangioveses e os delicados Albanas (uva branca).

O vinho da carta é o Sette Rocche Sangiovese Romagna DOC 2017 (safra com melhor classificação que outros anos) de vermelho intenso, perfume delicado lembrando violetas. Harmoniza bem com carnes assadas, grelhadas, pizzas e mesmo como aperitivo, não passa por madeira e possui bom custo e qualidade.

Uma vez mais o vinho nos proporciona viagens e conhecimento, melhor de tudo… degustando as informações!

Salute!

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